segunda-feira, 17 de novembro de 2014
domingo, 2 de novembro de 2014
quarta-feira, 29 de outubro de 2014
Ginástica Alternativa - 2º Ano
GINÁSTICA
ALTERNATIVA
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Nas duas ou três últimas décadas, é
bastante visível na sociedade brasileira o aumento do interesse por esportes e
atividades físicas/exercício em geral, seja nas modalidades esportivas mais
tradicionais (futebol, voleibol etc.), nas diversas ginásticas (aeróbica,
localizada etc.), nos esportes radicais, sejam pelas chamadas “práticas
alternativas”, como pilates, tai
chi chuan, ioga, massagem etc. Em outras
palavras, o ato de movimentar-se, de fazer exercícios e colocar-se “em
forma", está na ordem do dia, ocupando papel de destaque em qualquer discurso
preocupado com a qualidade da vida, com a redução do estresse e com a promoção
do “bem viver”.
Nesse sentido, expressões como: “o
corpo é um todo”, “consciência do movimento” ou “consciência do corpo pelo
movimento” ganham cada vez mais repercussão, especialmente entre os interessados
na ginástica alternativa.
A palavra “alternativa” significa
“optativa”, aquilo que vai para “além do tradicional”, ou mesmo “fuga do
tradicional”, pois se refere a uma mudança radical e profunda no planejamento,
na tomada de decisão e na avaliação da Cultura de Movimento dos nossos tempos. É
um “movimento” que nasceu com o ser humano, evoluiu com a civilização, perdeu-se
no tempo e foi restaurado em função das necessidades, desejos e interesses do
homem, da mulher, do adulto, do jovem, da criança, do idoso, das pessoas com
deficiência, enfim, de toda a humanidade; das pessoas carentes e necessitadas
de experiências que trouxessem de volta, em simbiose, a força e a sensibilidade.
Afinal, os princípios da ginástica alternativa postulam que os praticantes sejam
fortemente sensíveis e sensivelmente fortes. Para reforçar esses conceitos,
levamos em conta que a força sem sensibilidade é truculência e a sensibilidade
sem força é pusilanimidade.
Força e sensibilidade, firmeza e doçura,
vigor e ternura, são polos complementares de uma práxis da ginástica (prática
refletida), que busca oferecer um estado
de fluxo (experiência máxima de realização) para os praticantes, cujos sentidos
ficam inteiramente “antenados” na busca do prazer, da alegria, da felicidade e da
realização.
Seu
conceito básico é o de que a percepção do movimento e, portanto, do corpo, está
associada ao autoconhecimento do indivíduo, sobretudo por ser o corpo portador
de memória, percepção, capacidade de adaptação e consciência.
Os primórdios da ginástica alternativa
foram encontrados em civilizações de até 5 000 anos atrás como a chinesa, a
tailandesa, a hindu, a japonesa e a egípcia. No final do século XIX, François
Delsarte, interessado no movimento intencionalmente expressivo, desenvolveu um
trabalho corporal adotado por professoras norte-americanas e alemãs. Ao longo
do tempo, esse trabalho recebeu diversas denominações, como ginástica
respiratória, ginástica harmônica, ginástica orgânica, ginástica médica,
ginástica de relaxamento, ginástica suave, ginástica holística, eutonia e
antiginástica.
Outro precursor das inúmeras terapias e
cuidados corporais foi Wilhelm Reich, que, no século XX, destacou a importância
da forma, da estrutura e da função do gesto na compreensão da postura e da
atitude humana, fortalecendo a compreensão e a dimensão da ginástica
alternativa.
No
Brasil, há 50 anos, o Dr. José Angelo Gaiarsa vem dando vida e dinâmica ao que
chamou de Biomecânica Existencial, valorizando o olhar, o toque, a respiração,
o movimento consciente, a propriocepção, a reversibilidade entre o tônus emocional
e o tônus muscular, as expressões, as forças gravitacionais,
antigravitacionais, tangenciais, secantes e as forças internas, juntando o
mecânico e o humano da nossa espécie.
A
ginástica alternativa popularizou-se no país na década de 1970, no bojo dos
movimentos associados à contracultura, às artes marciais, à ioga e aos
discursos do “bem-estar”, influenciando e sendo influenciada por eles.
Atualmente, no Brasil e no mundo, a
ginástica alternativa expandiu-se e diversificou-se em quantidade e qualidade:
método Pilates, neopilates, power-pilates, ioga, shiatsu, educação somática existencial, feldenkrais, bioenergética, rolfing, antiginástica, reflexologia, massoterapias, ginástica harmônica,
danças circulares, cadeias musculares e articulares, método Mézières, método self-healing, contato e improvisação, ginástica brasileira (baseada na
capoeira), eutonia, ginástica suave e muitos outros.
Para o desenvolvimento do tema, propomos
considerar três dos muitos princípios da ginástica alternativa, são eles: suavidade, holismo e ludicidade.
Ainda
que inter-relacionados, esses princípios possuem a sua especialidade.
O Princípio da Suavidade preconiza a realização do movimento de forma leve, lenta e suave.
Atualmente, a vida apresenta um altíssimo grau de velocidade: a informação é
veloz, o esporte é veloz, o trabalho é veloz. A pressa impede a meditação, a
contemplação e a possibilidade de gozar as belezas do cotidiano. A pressa cria
o estresse negativo, um dos grandes males dos nossos tempos.
O Princípio do Holismo pressupõe, durante a realização do movimento, a integração entre o
psíquico e o somático. O termo vem do grego holos,
que significa “o todo”, isto é, a personalidade global do ser humano,
constituída pelo pensamento (ideias), pela emoção (sentimentos), pela sensação
(órgãos do sentido), pela ação (deslocamentos e posições) e pela transcendência
(vida espiritual).
O
Princípio
de Ludicidade, por sua vez, procura garantir o prazer, a fruição e a
alegria durante a
realização dos movimentos. Está ligado à recreação,
aos jogos, às brincadeiras, ao estado de fruição do ser humano,à felicidade.
As atividades que integram a ginástica
alternativa devem ser realizadas com economia de energia, pouca velocidade,
baixo impacto, sobrecarga mínima ou inexistente e pequeno estímulo aeróbio.Além
disso, devem:
Ø objetivar o desenvolvimento pessoal e social
(singularidade, autonomia, participação ativa, harmonia);
Ø promover o bem-estar e autorrealização;
Ø ser coeducativas, ou seja, integrar participantes de ambos
os sexos;
Ø desenvolver a amizade e a cooperação, podendo ser
realizadas individualmente, em duplas e em grupos.
quarta-feira, 16 de julho de 2014
Exercícios Resistidos - 2º Ano 2º Bimestre
2º Ano - Prof. Domingos
EXERCÍCIOS RESISTIDOS (MUSCULAÇÃO) E AUMENTO DA MASSA MUSCULAR
Registros
históricos apresentam indícios de que a realização de exercícios contra
resistência (carga), objetivando o fortalecimento muscular, já era prática
entre os antigos povos assírios e babilônicos, bem como na Antiguidade grega,
com propósitos estéticos e de ganho de força.
Podemos
conceituar a musculação, de modo amplo,como sendo a prática de exercícios
contra resistência, e concluir,consequentemente, que uma parcela considerável
dos movimentos realizados em nosso dia-a-dia constitui-se de exercícios de
musculação. Lambert (1990), por sua vez,destaca a musculação como o conjunto
dos processos e meios que levam ao aumento e ao aperfeiçoamento da força
muscular, associada ou não a outra capacidade física.
A prática
corporal conhecida hoje como musculação ou exercício resistido acompanhou a
evolução dos métodos de treinamento, em especial aqueles relacionados às
alterações sobre a estrutura músculo-articular,e é regidas,além dos princípios
mais gerais do treinamento físico-desportivo,por princípios específicos, quais
sejam:
►Princípio da Estrutura da Série de
Exercícios:
Os grandes
grupamentos musculares devem ser exercitados anteriormente aos pequenos,devido
à tendência desses pequenos grupamentos chegarem à fadiga antes dos
grandes,quando submetidos a cargas proporcionais.No caso dos iniciantes, as
séries de exercícios devem alternar os segmentos corporais requisitados durante
a realização dos exercícios,visando retardar a fadiga muscular.
►Princípio da Especificidade do Movimento
Relaciona-se
à utilização da musculação na preparação física para a prática esportiva.. Ao
transportar o gesto desportivo para o exercício com pesos,deve-se considerar:
1) observação
do movimento a ser realizado;
2) análise dos
ângulos e músculos envolvidos;
3) tipo de
contração executada;
4) montagem do
programa de acordo com as capacidades físicas que se pretende treinar,bem como
seus parâmetros de desenvolvimento.
► Princípio da Sobrecarga
Diz respeito
à graduação adequada dos fatores do treinamento (intensidade e volume), de modo
a estimular o aumento das capacidades funcionais do organismo. Ou
seja,significa obedecer à progressividade de carga de trabalho, a partir do
volume e intensidade do programa, objetivando o alcance de novos níveis de adaptações
morfofisiológicas, não alcançados com a utilização de cargas constantes.
A
progressividade da carga deve considerar a individualidade do praticante quanto
à sua condição de iniciante ou atleta, à sua capacidade de recuperação
pós-esforço, e à sua capacidade de adaptação a novos estímulos. Em linhas
gerais, o volume e a intensidade início de qualquer programa devem ser baixos,
e aumentados com a evolução da condição física de cada pessoa,tendo-se, entretanto,a
consciência da impossibilidade de aumento infinito da carga de trabalho,estando
os atletas mais próximos dos limites máximos.
Apesar dos
avanços técnico-científicos já alcançados, a disseminação de informações
equivocadas (os chamados ”mitos”) quanto aos efeitos da musculação sobre o
organismo ainda dificultam sua difusão como modalidade de atividade física
favorável ao desenvolvimento e aprimoramento harmônicos da saúde humana.Um dos
fatores que contribui para esta situação está relacionado à concepção que
restringe a aplicação da musculação ao fisiculturismo (bodybuilding).
Muito
criticado principalmente por sua freqüente associação com os asteróides
anabolizantes e outros recursos anabólicos, o fisiculturismo, em razão do
desenvolvimento exagerado da musculatura,conseguido à custa de árduos com
cargas bastante elevadas, constitui-se, ainda que involuntariamente, no
principal responsável pela descriminação da musculação é amplo, e relaciona-se
a propósitos esportivos, estéticos e profiláticos.
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Aplicabilidade da Musculação
Competição Esportiva
Levantamentos
Olímpicos: modalidade desportiva presente desde os primeiros Jogos Olímpicos da
Era moderna, cujos atletas buscam elevar a maior quantidade de peso possível,
obedecendo a técnicas e regras preestabelecidas.
Culturismo:
também conhecido como fisiculturismo (bodybuilding)
e modelagem física, o culturismo corresponde à modalidade desportiva em que o
atleta busca obter o desenvolvimento máximo de sua musculatura, acima dos níveis
normais, sem, contudo, comprometer a simetria e as proporções musculares. Esta
modalidade fomenta um vasto mercado em meio à suplementação alimentar,
juntamente com a otimização dos processos metabólicos nos treinamentos voltados
ao alcance da performance “máxima”.
Treinamento Esportivo
A musculação
é largamente utilizada com meio auxiliar no desenvolvimento muscular, vinculada
ao aprimoramento da força e da resistência localizada, objetivando maior
eficiência do gesto esportivo. Devido à sua elevada demanda energética, a
musculação deixou de ser coadjuvante nos programas de treinamentos,e foi
incorporada ao planejamento global dos mesmos.
Estética
A utilização
da musculação para fins estéticos assemelha-se ao culturismo, visto que o
propósito dos praticantes consiste em adquirir uma modelagem física conforme os
padrões de simetria e proporcionalidade dos músculos, buscando, entretanto, um
desenvolvimento muscular compatíveis com os níveis normais, sem objetivo
competitivo. Representa, nos dias atuais, uma das principais motivações para a
prática da musculação em sua maior abrangência,especialmente nas academias e
nos clubes,contribuindo para a evolução dos recursos materiais destinados à
modelagem do corpo.
Profilaxia
A musculação
auxilia a prevenção de lesões ósteo-mio-articulares, freqüente no esporte e em vária
atividade profissionais,em que a realização de gestos repetitivos solicita
grupos musculares localizados, o que favorece o surgimento das referidas
lesões. Diante disso, deve-se reservar, durante o ciclo de treinamento e/ou
jornada de trabalho, um período para os exercícios de compensação,pelo aumento
da força muscular e/ou da resistência dos tendões e ligamentos, buscando
equilibrar os grupos musculares antagonistas, diminuindo assim o risco de
lesões e vícios posturais.
A prática da
musculação também auxilia a combater a fragilidade músculo-esquelético que
comumente acompanha as pessoas da terceira idade e a instalação da osteoporose,
em geral nas mulheres ao adentrarem o período da menopausa, além de prevenir
lesões óste-mio-articulares.
2º Ano - 2º Bim.- Efeito do Treinamento Físico: Fisiológicos, Morfológicos e Psicossociais
Texto - 01 -
2º ANO – 2º BIMESTRE
EFEITO
DO TREINAMENTO FÍSICO:
FISIOLÓGICOS,
MORFOLÓGICOS E PSICOSSOCIAIS.
Nas últimas décadas, o conceito
de saúde tem sido ampliado para Promoção de Saúde, que enfatiza a importância
do desenvolvimento comunitário nas questões da saúde individual e coletiva.
Nessa atual definição, há duas grandes perspectivas de atuação: de um lado,
atividades individualizadas focando os estilos de vida e concentrando-se em
componentes educativos relacionados aos riscos comportamentais modificáveis.
Por outro lado, atividades voltadas ao coletivo por meio de políticas públicas
e de ambientes favoráveis ao desenvolvimento da saúde.
Para melhor entendimento dos efeitos da
atividade física e do exercício físico sobre o organismo humano, é fundamental
o conhecimento dos processos de adaptação (entendida como uma organização
orgânica e funcional do organismo), que estão sujeitos a fatores endógenos e
exógenos.
São fatores endógenos (internos): a
idade, o sexo e a condição de treinamento. A infância e adolescência são os
períodos de grande capacidade de adaptação, a qual, apesar de diminuir com o
avanço da idade, mantém-se até o fim da vida. Com relação ao sexo, a capacidade
de adaptação se dá de forma diferenciada; por exemplo, a treinabilidade da
musculatura na mulher é menor, devido à menor quantidade de testosterona.
Quanto à condição de treinamento, os processos de adaptação ocorrem mais
rapidamente quanto menor for o nível de desempenho da pessoa.
São fatores exógenos (externos): a
qualidade e quantidade da sobrecarga e a alimentação. A correta sequência de estímulos,
observando as normas de treinamento (intensidade, duração, freqüência, sobrecarga),
define a forma e a abrangência do processo de adaptação. A alimentação precisa
fornecer os elementos nutricionais necessários para a formação de estruturas
diante dos estímulos de carga.
Para cada tipo de treinamento físico há
adaptações específicas nos diferentes sistemas do corpo, conforme se verifica a
seguir:
TREINAMENTO
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ADAPTAÇÕES ESPECIAS
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Capacidade
anaeróbica
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- Maiores níveis
intramusculares de substratos anaeróbicos (ATP, PCre e glicogênio;
- maior
quantidade e atividade das enzimas-chave, que controlam a fase anaeróbica (glicolítica)
do fracionamento da glicose;
- maior
capacidade de gerar aumento de rendimento sanguíneo de lactato durante
exercício máximo.
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Capacidade
aeróbica
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Adaptações
metabólicas:
-
aumento no tamanho e número de mitocôndria no músculo esquelético treinado;
-
duplicação do nível das enzimas do sistema aeróbico;
-
melhora na oxidação de ácidos graxos (metabolismo de gorduras e
carboidratos);
-
intensificação da capacidade aeróbica das fibras musculares.
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Adaptações
cardiovasculares;
-
ampliação do tamanho do coração (melhor volume sistólico);
-
aumento do volume plasmático;
-
aumento do volume sistólico de ejeção;
--
diminuição da FC, aumento do débito cardíaco, aumento do oxigênio extraído do
sangue, aumento do fluxo sanguíneo, diminuição da PA.
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Adaptações
pulmonares;
-
aumento da ventilação muscular durante exercício máximo;
-
hipertrofia da musculatura respiratória (músculos intercostais externos e
diafragma).
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Outras
adaptações:
-
modificação na composição corporal;
-
transferência de calor corporal.
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Resistência
muscular
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Adaptações
neurais;
-
maior ativação do Sistema Nervoso Central;
-
melhor sincronização das unidades motoras;
-
reflexos inibitórios neurais mais intensos.
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Adaptações
musculares;
-
hipertrofia das fibras musculares;
-
remodelagem muscular.
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Adaptações
nos tecidos conjuntivos e ósseo:
-
fortalecimento de ligamentos, tendões e tecidos ósseos de apoio.
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Outras
adaptações;
-
modificação na composição corporal.
|
Ademais, o
treinamento físico, a depender de suas características, pode produzir efeitos
positivos ou negativos sobre outros sistemas orgânicos: sistema nervoso autônomo (produz relaxamento ou excitabilidade); sistema nervoso central (aumenta a
circulação sanguínea no cérebro); sistema
visual (melhora o desempenho visual); sistema
sensorial sinestésico (melhora a capacidade de desempenho muscular ou leva
à disfunção da propriocepção e surgimento de lesões); sistema imune (estimula a imunidade em atividades leves e de longa
duração ou a prejudica em treinamento muito intenso); e sistema endócrino (libera o hormônio do crescimento e melhora o sistema
regulador hormonal).
Quanto aos
Aspectos
Psicossociais, pode-se falar em efeitos positivos e negativos causados pela atividade física e
exercício físico.
Entre os efeitos
positivos estão: redução de vários sintomas de estresse, da ansiedade,
da depressão moderada e da instabilidade emocional; melhora na autoestima, no
auto-conceito, na imagem corporal e no relacionamento interpessoal.
Têm sido
relatos efeitos negativos decorrentes de treinamento excessivo ou
competição inadequada, tais como: transtornos psicossomáticos ou
gastrointestinais; alterações de apetite e sono; desvio de comportamento;
aumento da ansiedade e agressividade; esgotamento físico e psicológico
(burnout); distúrbios cognitivos (falta de atenção e concentração,
esquecimento, bloqueio mental); e síndrome de saturação esportiva, além da
diminuição dos sentimentos de eficácia, alegria, realização, competência e
controle.
sábado, 10 de maio de 2014
História da Beleza - 1º Ano - 2º Bimestre
A Grécia Antiga foi o berço das reflexões
filosóficas
mais reconhecidas sobre estética e beleza que passaram a nortear a nossa civilização.
O tema da beleza foi associado aos conceitos de harmonia, proporção, simetria e
esplendor. Relacionava-se também à ideia de justiça e de conhecimento. As
formas perfeitas e as medidas simétricas solidificaram um modo “matemático” de
ver a beleza.
Na mitologia grega, o deus que representa a
beleza masculina é Apolo, considerado o mais belo do Olimpo e também o deus
protetor das artes (poesia, música, dança etc.) e da medicina. Outro mito
greco-romano também muito conhecido é Narciso, jovem de singular beleza, cuja
vida seria longa desde que não contemplasse, jamais, a própria imagem. Conta o
mito, porém, que, no dia em que viu seu rosto refletido nas águas de uma fonte,
Narciso se apaixonou tão perdidamente por sua própria imagem que, de tanto
contemplá-la, morreu afogado.
A civilização grega também difundiu a ginástica
como o elemento da formação integral do indivíduo, cultuando a harmonia da
forma física e o desenvolvimento do espírito. A educação, segundo o filósofo
Platão, deveria proporcionar ao corpo e à alma toda a perfeição e a beleza de
que são capazes. Ao lado da preparação física, os poemas homéricos eram à base
dessa educação que se pautava em heróis e na virilidade guerreira. Entretanto,
ao final do século IV a.C., as manifestações religiosas do politeísmo grego
(inclusive
os Jogos Olímpicos) foram proibidas. Gradativamente,
a cultura religiosa e a ideia de transitoriedade do corpo mudaram o foco da beleza
mundana para a celestial. Com o avanço da religião cristã evidenciou-se a
compreensão do corpo feminino como aquele da beleza contemplativa e
inalcançável, ao passo que o corpo masculino trazia a marca da força e da
invencibilidade.Os homens eram os defensores dos princípios
e das virtudes, responsáveis pelo trabalho na
terra e pelo sustento das famílias.
Na Idade Média, o corpo passou a
identificar-se como o lugar de encarceramento do espírito. Como as formas
físicas eram consideradas passageiras, cuidar do corpo era considerado pecado.
Esse moralismo medieval fortaleceu o dualismo da beleza entre interna e externa,
entre espiritual e física. No século XI, a
beleza
feminina foi espiritualizada. Houve uma respeitosa adoração à mulher,
idolatrada num amor platônico e inatingível, pela voz dos trovadores e dos
romances cavalheirescos. Enaltecia-se a beleza da mulher angelical, de traços
delicados, pele clara e cabelos em requintados penteados.
Com o cristianismo alteraram-se os
princípios que norteavam
o sentido de beleza. As coisas belas se revelavam na alma e não fora dela. Os
exercícios físicos, que antes eram difundidos para expressar a beleza interior,
passaram a ter a conotação de desviar o homem do encontro com Deus.
O Renascimento, movimento intelectual, estético
e social ocorrido nos séculos XIV e XV retomou a cultura física, as artes, a
música, a ciência e a literatura tão valorizadas na Antiguidade ocidental.
Houve mais investimentos na educação e na saúde. A mulher,antes inspirada na
imagem de “Maria”, virgem,pura, angelical e inalcançável, passou a ser adorada
por suas formas físicas. A beleza do corpo foi novamente explorada.
O corpo passou a ser
dissecado, dividido e analisado em sua composição biológica para ser com-preendido pela ciência. Destaca-se o trabalho de Leonardo da Vinci
(1452-1519), que estudou os movimentos dos músculos e das articulações, criou
as regras de proporção do corpo humano e produziu um dos primeiros tratados de
biomecânica. Seu “homem vitruviano” simbolizava as proporções corporais ideais:
face medindo 1/10 do comprimento total do corpo, a cabeça 1/8 e o tórax 1/4. A
chamada proporção áurea definiu os cânones para que a beleza fosse revelada
pela simetria. Havia, por exemplo, uma medida-padrão entre as duas orelhas ou
os dois olhos. Quanto mais igual, perfeita, simétrica e equilibrada a forma,
maior a contemplação da beleza.
Figura 1 - O homem vitruviano, desenho de Leonardo da Vinci, de 1492.
No século XVIII,
marcado pela Revolução Industrial, estabeleceu-se uma nova concepção de beleza. A ciência
difundiu a ideia de modelagem e adestramento do corpo, por meio dos aparelhos
que ajudavam a corrigir e melhorar posturas consideradas inadequadas do ponto
de vista médico, ortopédico e estético. Surgiram as “séries de exercícios
físicos” para trabalhar grupos musculares específicos. A ginástica, prática
“comprovadamente científica”, anunciada como meio de potencializar as ações e
os gestos, estava relacionada ainda à noção de economia de tempo, de gasto de
energia e de cultivo à saúde.
A partir do século XIX
a ideia de beleza se modificou. O corpo humano foi explorado em seu caráter
terreno, tátil, sensual, sede do pecado e do prazer. Nos anos 1920 e início da
década de 1930, evidenciou-se mais a beleza do corpo feminino que do masculino.
Houve mais liberdade para mostrar os seios em decotes, vestir saias curtas e
expor a sensualidade. No final dos anos de 1930 até 1950, o puritanismo
vulgarizou a mulher que demonstrava sua sensualidade: a beleza do corpo
precisava ser discretamente revelada, ao invés de escandalosamente exibida.
Na década de 1960
vários movimentos pregaram a liberdade sexual e a emancipação da mulher. Muitas
protestaram contra sua histórica submissão. O corpo, antes modelado e preso no
espartilho, ganhou liberdade. Até mesmo as mulheres grávidas começaram a
mostrar a barriga em público.
A exibição do corpo
belo passou a ter cada vez mais valor comercial. A nova beleza do século XX
unia, ainda mais, as forças da ciência, da indústria e do comércio. A beleza,
agora exibida nos meios de comunicação de massa, passou a ser “produto” de
consumo, vendido como imagem e como bem. Cresceu a venda de roupas curtas,
sensuais e exóticas. Maquiagens, sutiãs, lentes de contato; além disso,
maneiras de andar e sentar ditaram regras da postura feminina. Investiu-se numa
nova cultura estética, que instaurou a “ditadura da beleza”. Os estereótipos
foram definidos para cada detalhe: cabelos (surgiu uma variedade de
cosméticos e aumentou o número de pessoas que mudavam a cor e os cachos), olhos
(coloridos, fortes, marcados pelo delineador e pelo rimel), pele (sem manchas,
sem estrias, sem celulite), roupas (justas, com decotes e na moda) e seios (com silicone, ficando muito à mostra). A indústria
químico-farmacêutica produz cremes e remédios que prometem modificar tudo:pele,
contornos e pesos.
Se nos últimos anos o
investimento mercadológico na beleza expandiu seu foco, a exigência da beleza
deixou de ser apenas sonho para modelos e manequins e tornou-se um atributo
essencial a pessoas de todas as idades. Ser belo e aparentar juventude
tornou-se um dever, uma busca a qualquer preço e risco.
Na modernidade o corpo
foi redescoberto, despido e modelado pelos exercícios físicos. Novos espaços e
práticas ginásticas/esportivas passaram a convocara as pessoas para modelar o corpo.
Multiplicaram-se os locais públicos e privados para práticas físicas: academias
de ginástica, salas de musculação, praças, parques e clínicas estéticas.
A ciência aperfeiçoou
ainda mais suas técnicas para inovar no visual. Tornou-se possível alterar a
cor da pele, mudar de rosto, aumentar os seios ou as nádegas, conquistando assim
o padrão de beleza vigente, construído com botox, silicone, tintas, cirurgias
plásticas, dietas arriscadas e muita maquiagem. Com a crescente mercantilização
do corpo feminino, a beleza natural foi desaparecendo, naturalizando-se a
beleza produzida artificialmente.
Se inicialmente a
principal referência de beleza eram as mulheres europeias e nórdicas,este
conceito foi se alargando. Ao longo da história, ora o corpo belo tem seios
grandes, cabelos longos e cacheados, cinturinha desenhada com espartilho e
quadril largo, ora o corpo belo tem cabelos lisos, seios delineados,
quadril estreito, pernas longas, braços finos, com medidas quase
anoréxicas.
Todavia, é preciso
ressaltar que os diferentes grupos culturais podem ver a beleza de maneira diferente − por
exemplo, os grupos indígenas ou afrodescendentes –, tanto a sua própria como a
dos outros grupos. Embora a exploração da beleza feminina seja mais enfatizada,
também os padrões de beleza para os homens têm sofrido transformações. Muitos
homens também começaram a dedicar-se aos cuidados estéticos. Chamados de
“metrossexuais”, eles passaram a frequentar salões de beleza, fazer as unhas,
pintar os cabelos e/ou depilar os pelos do peito.
Em todos os canais de comunicação e também nos
espaços públicos, ditam-se as regras de cultivo do corpo. Dentre os exercícios
físicos, difundiram-se a musculação, o fisiculturismo, as atividades de fitness. O corpo belo é aquele sempre
“superdefinido”, “durinho”, sem celulite ou estrias. Além
da “boa forma”, valorizam-se o tipo de pele, o bronzeado, mesmo que artificial,
e as medidas corporais − alteradas tanto com os recursos das roupas íntimas com
enchimentos, quanto com as cirurgias. Os salões de beleza prometem alisamentos
progressivos e permanentes. Os cabelos modificados (com escovas
“revolucionárias” de formol, chocolate etc.) deixaram até de ser uma característica
para identificar alguém. A beleza vem sendo tão artificializada, que os cabelos
naturais são apontados como falsos. Como você ainda não pintou? Fez chapinha
hoje? As perguntas cotidianas declaram: não sabemos mais o que foi alterado com
recursos da beleza.
A doentia busca pela beleza deve ser um
assunto discutido também na escola, inclusive nas aulas de Educação Física. Devem-se
alertar os alunos que a “beleza” é um tema complexo, influenciado por interesses
religiosos, políticos, ideológicos e comerciais que direcionam nosso modo de
vê-la e buscá-la. Por isso, é primordial compreender que a “beleza” depende do
contexto histórico em que estamos inseridos ou de quais referenciais nos
valemos
para
interpretar a realidade.
terça-feira, 15 de abril de 2014
Corpo, Saúde e Beleza - 1º Ano - 1º Bimestre
CORPO, SAÚDE E
BELEZA
Educação Física – 1º Ano
|
Todo professor de Ensino Médio percebe o impacto que certos
modelos de beleza corporal,insistentemente propagados pelas mídias(televisão,
revistas etc.), exercem sobre os alunos,que, com frequência, julgam-se
obesos,querem emagrecer e tornar-se musculosos.Para isso, aderem a regimes
“milagrosos”, praticam exercícios de forma equivocada e eventualmente fazem uso
de substâncias proibidas,como anabolizantes e remédios que inibem o apetite,
com prejuízos para a própria saúde.
Basta prestar atenção às capas das
revistas voltadas para o público adolescente e jovem (em especial para as
meninas), à venda em qualquer banca de jornal, e constatar o que sugerem ou
prometem explicitamente: “Emagreça comendo de tudo!”, “Defina seus músculos com
apenas 15 minutos de ginástica!”, “Corpo novo em três
meses!” etc. A personagem central das capas é sempre uma mulher jovem
(raramente de etnia negra), bela, magra e sorridente, em geral trajando biquíni,
fotografada das coxas para cima, em pose sensual. Também as figuras masculinas
são, em geral,homens jovens e brancos, às vezes com o torso nu e pernas
expostas, para exibir uma musculatura bem delineada.
No
interior dessas revistas também sempre encontramos programas de
exercícios ginásticos para diversos grupos musculares, com a promessa de
“diminuir a barriga”, “endurecer o bumbum” etc., ou a sugestão de corridas,
caminhadas e prática de esportes para “perder calorias” e, portanto, emagrecer.
Percebe-se aí como o exercício físico não é associado à saúde ou ao bem-estar, mas
a um modelo estereotipado de beleza corporal caracterizado pela extrema magreza
corporal. Se calcularmos o índice de massa corpórea – IMC (peso dividido pela
altura ao quadrado) das modelos e artistas
estampadas nas capas, encontraremos valores muito baixos, que indicam magreza, às
vezes abaixo do mínimo para que uma pessoa seja considerada saudável, além de estarem
muito distantes da média nacional.
Todavia, para esculpir esse modelo corporal
definido pelas mídias (para mulheres e homens) não basta apenas o exercício físico,
nem mesmo conjugado com dieta. Exige também a intervenção cirúrgica (lipoaspiração,cirurgia
plástica propriamente dita, próteses de silicone). Tudo isso, com o devido
suporte de supostas evidências científicas, aumenta o oferecimento de produtos
e serviços associados à busca desse ideal de beleza corporal – massagens,
cosméticos, equipamentos de ginástica domésticos, alimentos light e diet etc. – no contexto do chamado “mercado do corpo e do fitness”. Contraditoriamente, esse mercado convive em nossa
realidade com bolsões sociais de pobreza e miséria, nos quais há ainda muitos
brasileiros que passam fome!
Esse bombardeio de informações verbais e visuais
fixa um modelo de beleza (o qual contribui decisivamente para a construção das
representações sociais do corpo) e, ao propor os meios para alcançá-lo com
facilidade ilusória, não mais nos dizem: “Você pode...”, mas “Você deve!”. É
muito difícil resistir a essa pressão, e a partir de certo grau de adesão às
práticas alimentares e de exercitação física sugeridas pode haver
comprometimento da saúde, bem como constrangimento social decorrente da sensação
de não atingir o padrão idealizado.
Tais referências externas dificultam o
autoconhecimento, o reconhecimento das possibilidades do ser humano e seus
limites tal como é, e restringem as possibilidades do Se-Movimentar em jogos,
esportes, ginásticas, lutas e atividades rítmicas a certos objetivos muito específicos
(emagrecer, delinear a musculatura etc.), empobrecendo seu potencial formativo. Em todos os canais de comunicação, e também
nos espaços públicos, ditam-se as regras de cultivo do corpo. Dentre os exercícios
físicos, difundiram-se a musculação, o fisiculturismo, as atividades de fitness. O corpo belo é aquele sempre “superdefinido”, “durinho”,
sem celulite ou estrias.
Apesar
dos avanços em relação à compreensão dos
mecanismos pelos quais a alimentação e o exercício físico podem contribuir para
aquisição e manutenção de níveis adequados de saúde, a busca por um determinado
padrão de perfectibilidade da beleza impulsiona o consumo de produtos, de
práticas e de recursos nem sempre compatíveis com esse propósito. Diante da possibilidade (ou ilusão...) de obter
resultados expressivos em curto espaço de tempo, muitos jovens passam a adotar condutas
por vezes enganosas ou mesmo prejudiciais à saúde, entre as quais se encontram as
dietas “milagrosas” e o uso inadequado de suplementos alimentares.
Modificações drásticas na dieta que resultam
em perdas acentuadas de peso em curto espaço de tempo são difíceis de serem
mantidas. Além disso, a perda de peso observada decorre principalmente da
redução hídrica (perda de água), bem como da perda de tecido magro,
permanecendo as reservas de gordura quase inalteradas, especialmente em virtude
da diminuição na taxa metabólica de repouso (energia gasta para manter o funcionamento
orgânico durante o estado de repouso). Em verdade, programas saudáveis de emagrecimento
preconizam que a perda ponderal não deva exceder
1% do peso corporal total por semana, evitando-se assim prejuízos na regulação
metabólica, função imunológica, integridade óssea e manutenção da capacidade funcional
ao longo do envelhecimento.
Outros problemas que afetam frequentemente
os adolescentes, diante do forte apelo social em
favor de padrões de beleza caracterizados
pela magreza corporal,são distúrbios
alimentares como a anorexia e
a bulimia.
A anorexia nervosa, mais comum entre as
meninas, caracteriza-se pelo desejo obsessivo de manter o peso corporal abaixo
dos níveis normais para a faixa etária e estatura em virtude da preocupação
excessiva com a imagem corporal que se encontra distorcida, pois pessoas
anoréxicas se percebem gordas apesar de sua magreza. Pela “magreza”, essas pessoas
se mantêm em jejum por longos períodos e ingerem menos alimentos que o necessário para manter o balanço
energético, além de estimularem compulsivamente o maior gasto energético possível em
sessões de exercícios.
A bulimia nervosa caracteriza-se por episódios
frequentes de ingestão alimentar em excesso num curto período de tempo, quase
sempre seguidos por jejum, uso abusivo de laxantes ou diuréticos, vômitos
autoinduzidos, ou prática compulsiva de exercícios, numa tentativa de evitar o
aumento de peso após o exagero alimentar.
Controle ponderal, níveis de atividade física e obesidade
A manutenção do nosso peso corporal obedece a um mecanismo
regulador encarregado de equilibrar a ingestão alimentar (influxo e consumo
calórico) com o custo energético (gasto calórico ou produção de energia).
quando, por qualquer motivo, esse equilíbrio é rompido, ocorre modificação no
peso corporal. Se a quantidade de calorias adquiridas pela alimentação
ultrapassar aquela utilizada para atender as necessidades
diárias de funcionamento do organismo (gastos com metabolismo basal, termogênese
e atividade física), esse excesso será armazenado sob a forma de gordura no tecido
adiposo, ocasionando aumento ponderal (ganho
de peso corporal). Uma ingestão reduzida, por sua vez, associada a um maior
gasto energético, promove a redução ponderal (perda de peso corporal).
A obesidade (acúmulo excessivo de gordura corporal,
acima dos limites de normalidade esperados)é um fenômeno multifatorial
complexo,mas se sabe que a alimentação e a falta de atividade física são
fatores importantes, especialmente por sua relação com condições ambientais e
aspectos comportamentais diversos.
A redução dos níveis de atividade física
(hipocinesia)é um dos principais responsáveis pelo aumento excessivo
de peso a partir do acúmulo de gordura nas
reservas corporais. Muitos estudos sustentam
que o aumento da adiposidade,
normalmente associado ao processo de
envelhecimento, decorre principalmente do nível de atividade física, uma vez
que as pessoas entram em sedentarismo progressivo com o passar dos anos.
A condição mais adequada para que se possa estabelecer um
controle efetivo sobre o fenômeno da obesidade
requer a associação entre exercícios e
dieta. Em crianças e adultos moderadamente obesos,
essa combinação oferece maior
possibilidade de atingir balanço calórico negativo e, consequentemente, redução
da gordura e do peso corporal, comparada ao exercício ou à dieta isoladamente.
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