quarta-feira, 16 de julho de 2014

Exercícios Resistidos - 2º Ano 2º Bimestre

2º Ano - Prof. Domingos

EXERCÍCIOS RESISTIDOS (MUSCULAÇÃO) E AUMENTO DA MASSA MUSCULAR

Registros históricos apresentam indícios de que a realização de exercícios contra resistência (carga), objetivando o fortalecimento muscular, já era prática entre os antigos povos assírios e babilônicos, bem como na Antiguidade grega, com propósitos estéticos e de ganho de força.
Podemos conceituar a musculação, de modo amplo,como sendo a prática de exercícios contra resistência, e concluir,consequentemente, que uma parcela considerável dos movimentos realizados em nosso dia-a-dia constitui-se de exercícios de musculação. Lambert (1990), por sua vez,destaca a musculação como o conjunto dos processos e meios que levam ao aumento e ao aperfeiçoamento da força muscular, associada ou não a outra capacidade física.
A prática corporal conhecida hoje como musculação ou exercício resistido acompanhou a evolução dos métodos de treinamento, em especial aqueles relacionados às alterações sobre a estrutura músculo-articular,e é regidas,além dos princípios mais gerais do treinamento físico-desportivo,por princípios específicos, quais sejam:
Princípio da Estrutura da Série de Exercícios:
Os grandes grupamentos musculares devem ser exercitados anteriormente aos pequenos,devido à tendência desses pequenos grupamentos chegarem à fadiga antes dos grandes,quando submetidos a cargas proporcionais.No caso dos iniciantes, as séries de exercícios devem alternar os segmentos corporais requisitados durante a realização dos exercícios,visando retardar a fadiga muscular.
Princípio da Especificidade do Movimento
Relaciona-se à utilização da musculação na preparação física para a prática esportiva.. Ao transportar o gesto desportivo para o exercício com pesos,deve-se considerar:
1)      observação do movimento a ser realizado;
2)      análise dos ângulos e músculos envolvidos;
3)      tipo de contração executada;
4)      montagem do programa de acordo com as capacidades físicas que se pretende treinar,bem como seus parâmetros de desenvolvimento.
                       ► Princípio da Sobrecarga
Diz respeito à graduação adequada dos fatores do treinamento (intensidade e volume), de modo a estimular o aumento das capacidades funcionais do organismo. Ou seja,significa obedecer à progressividade de carga de trabalho, a partir do volume e intensidade do programa, objetivando o alcance de novos níveis de adaptações morfofisiológicas, não alcançados com a utilização de cargas constantes.
A progressividade da carga deve considerar a individualidade do praticante quanto à sua condição de iniciante ou atleta, à sua capacidade de recuperação pós-esforço, e à sua capacidade de adaptação a novos estímulos. Em linhas gerais, o volume e a intensidade início de qualquer programa devem ser baixos, e aumentados com a evolução da condição física de cada pessoa,tendo-se, entretanto,a consciência da impossibilidade de aumento infinito da carga de trabalho,estando os atletas mais próximos dos limites máximos.
Apesar dos avanços técnico-científicos já alcançados, a disseminação de informações equivocadas (os chamados ”mitos”) quanto aos efeitos da musculação sobre o organismo ainda dificultam sua difusão como modalidade de atividade física favorável ao desenvolvimento e aprimoramento harmônicos da saúde humana.Um dos fatores que contribui para esta situação está relacionado à concepção que restringe a aplicação da musculação ao fisiculturismo (bodybuilding).
Muito criticado principalmente por sua freqüente associação com os asteróides anabolizantes e outros recursos anabólicos, o fisiculturismo, em razão do desenvolvimento exagerado da musculatura,conseguido à custa de árduos com cargas bastante elevadas, constitui-se, ainda que involuntariamente, no principal responsável pela descriminação da musculação é amplo, e relaciona-se a propósitos esportivos, estéticos e profiláticos.

Intensidade: é o grau de esforço momentâneo necessário à realização de um exercício, traduzido pela quantidade de energia utilizada na execução do mesmo, representado pelo peso (quilagem) em cada série e pela duração dos intervalos entre as mesmas.

Volume: é a quantidade de trabalho realizado, representado pela duração e freqüência das sessões.
 

Aplicabilidade da Musculação

Competição Esportiva
Levantamentos Olímpicos: modalidade desportiva presente desde os primeiros Jogos Olímpicos da Era moderna, cujos atletas buscam elevar a maior quantidade de peso possível, obedecendo a técnicas e regras preestabelecidas.
Culturismo: também conhecido como fisiculturismo (bodybuilding) e modelagem física, o culturismo corresponde à modalidade desportiva em que o atleta busca obter o desenvolvimento máximo de sua musculatura, acima dos níveis normais, sem, contudo, comprometer a simetria e as proporções musculares. Esta modalidade fomenta um vasto mercado em meio à suplementação alimentar, juntamente com a otimização dos processos metabólicos nos treinamentos voltados ao alcance da performance “máxima”.
Treinamento Esportivo
A musculação é largamente utilizada com meio auxiliar no desenvolvimento muscular, vinculada ao aprimoramento da força e da resistência localizada, objetivando maior eficiência do gesto esportivo. Devido à sua elevada demanda energética, a musculação deixou de ser coadjuvante nos programas de treinamentos,e foi incorporada ao planejamento global dos mesmos.
Estética
A utilização da musculação para fins estéticos assemelha-se ao culturismo, visto que o propósito dos praticantes consiste em adquirir uma modelagem física conforme os padrões de simetria e proporcionalidade dos músculos, buscando, entretanto, um desenvolvimento muscular compatíveis com os níveis normais, sem objetivo competitivo. Representa, nos dias atuais, uma das principais motivações para a prática da musculação em sua maior abrangência,especialmente nas academias e nos clubes,contribuindo para a evolução dos recursos materiais destinados à modelagem do corpo.
Profilaxia
A musculação auxilia a prevenção de lesões ósteo-mio-articulares, freqüente no esporte e em vária atividade profissionais,em que a realização de gestos repetitivos solicita grupos musculares localizados, o que favorece o surgimento das referidas lesões. Diante disso, deve-se reservar, durante o ciclo de treinamento e/ou jornada de trabalho, um período para os exercícios de compensação,pelo aumento da força muscular e/ou da resistência dos tendões e ligamentos, buscando equilibrar os grupos musculares antagonistas, diminuindo assim o risco de lesões e vícios posturais.

A prática da musculação também auxilia a combater a fragilidade músculo-esquelético que comumente acompanha as pessoas da terceira idade e a instalação da osteoporose, em geral nas mulheres ao adentrarem o período da menopausa, além de prevenir lesões óste-mio-articulares.

2º Ano - 2º Bim.- Efeito do Treinamento Físico: Fisiológicos, Morfológicos e Psicossociais

Texto - 01 -      2º ANO – 2º BIMESTRE
EFEITO DO TREINAMENTO FÍSICO:
FISIOLÓGICOS, MORFOLÓGICOS E PSICOSSOCIAIS.

     Nas últimas décadas, o conceito de saúde tem sido ampliado para Promoção de Saúde, que enfatiza a importância do desenvolvimento comunitário nas questões da saúde individual e coletiva. Nessa atual definição, há duas grandes perspectivas de atuação: de um lado, atividades individualizadas focando os estilos de vida e concentrando-se em componentes educativos relacionados aos riscos comportamentais modificáveis. Por outro lado, atividades voltadas ao coletivo por meio de políticas públicas e de ambientes favoráveis ao desenvolvimento da saúde.
     Para melhor entendimento dos efeitos da atividade física e do exercício físico sobre o organismo humano, é fundamental o conhecimento dos processos de adaptação (entendida como uma organização orgânica e funcional do organismo), que estão sujeitos a fatores endógenos e exógenos.
     São fatores endógenos (internos): a idade, o sexo e a condição de treinamento. A infância e adolescência são os períodos de grande capacidade de adaptação, a qual, apesar de diminuir com o avanço da idade, mantém-se até o fim da vida. Com relação ao sexo, a capacidade de adaptação se dá de forma diferenciada; por exemplo, a treinabilidade da musculatura na mulher é menor, devido à menor quantidade de testosterona. Quanto à condição de treinamento, os processos de adaptação ocorrem mais rapidamente quanto menor for o nível de desempenho da pessoa.
     São fatores exógenos (externos): a qualidade e quantidade da sobrecarga e a alimentação. A correta sequência de estímulos, observando as normas de treinamento (intensidade, duração, freqüência, sobrecarga), define a forma e a abrangência do processo de adaptação. A alimentação precisa fornecer os elementos nutricionais necessários para a formação de estruturas diante dos estímulos de carga.
     Para cada tipo de treinamento físico há adaptações específicas nos diferentes sistemas do corpo, conforme se verifica a seguir:

TREINAMENTO
ADAPTAÇÕES ESPECIAS
Capacidade anaeróbica
- Maiores níveis intramusculares de substratos anaeróbicos (ATP, PCre e glicogênio;
- maior quantidade e atividade das enzimas-chave, que controlam a fase anaeróbica (glicolítica) do fracionamento da glicose;
- maior capacidade de gerar aumento de rendimento sanguíneo de lactato durante exercício máximo.
Capacidade aeróbica
Adaptações metabólicas:
- aumento no tamanho e número de mitocôndria no músculo esquelético treinado;
- duplicação do nível das enzimas do sistema aeróbico;
- melhora na oxidação de ácidos graxos (metabolismo de gorduras e carboidratos);
- intensificação da capacidade aeróbica das fibras musculares.
Adaptações cardiovasculares;
- ampliação do tamanho do coração (melhor volume sistólico);
- aumento do volume plasmático;
- aumento do volume sistólico de ejeção;
-- diminuição da FC, aumento do débito cardíaco, aumento do oxigênio extraído do sangue, aumento do fluxo sanguíneo, diminuição da PA.
Adaptações pulmonares;
- aumento da ventilação muscular durante exercício máximo;
- hipertrofia da musculatura respiratória (músculos intercostais externos e diafragma).
Outras adaptações:
- modificação na composição corporal;
- transferência de calor corporal.
Resistência muscular
Adaptações neurais;
- maior ativação do Sistema Nervoso Central;
- melhor sincronização das unidades motoras;
- reflexos inibitórios neurais mais intensos.
Adaptações musculares;
- hipertrofia das fibras musculares;
- remodelagem muscular.
Adaptações nos tecidos conjuntivos e ósseo:
- fortalecimento de ligamentos, tendões e tecidos ósseos de apoio.
Outras adaptações;
- modificação na composição corporal.

    Ademais, o treinamento físico, a depender de suas características, pode produzir efeitos positivos ou negativos sobre outros sistemas orgânicos: sistema nervoso autônomo (produz relaxamento ou excitabilidade); sistema nervoso central (aumenta a circulação sanguínea no cérebro); sistema visual (melhora o desempenho visual); sistema sensorial sinestésico (melhora a capacidade de desempenho muscular ou leva à disfunção da propriocepção e surgimento de lesões); sistema imune (estimula a imunidade em atividades leves e de longa duração ou a prejudica em treinamento muito intenso); e sistema endócrino (libera o hormônio do crescimento e melhora o sistema regulador hormonal).
    Quanto aos Aspectos Psicossociais, pode-se falar em efeitos positivos e negativos causados pela atividade física e exercício físico.
     Entre os efeitos positivos estão: redução de vários sintomas de estresse, da ansiedade, da depressão moderada e da instabilidade emocional; melhora na autoestima, no auto-conceito, na imagem corporal e no relacionamento interpessoal.
     Têm sido relatos efeitos negativos decorrentes de treinamento excessivo ou competição inadequada, tais como: transtornos psicossomáticos ou gastrointestinais; alterações de apetite e sono; desvio de comportamento; aumento da ansiedade e agressividade; esgotamento físico e psicológico (burnout); distúrbios cognitivos (falta de atenção e concentração, esquecimento, bloqueio mental); e síndrome de saturação esportiva, além da diminuição dos sentimentos de eficácia, alegria, realização, competência e controle.